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Bem vind@ à página de Ton MarMel (anTONio MARtins MELo), Artista Visual que desde infante manifestou talento para pintura, desenho, escultura, frequentou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, recebeu vários prêmios, participou de salões de arte, exposições individuais e coletivas, e também é jurista, Advogado pós-graduado, especialista em Direito Público.

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Prostituinte 88


GUERNICA BRASILEIRA E A CONSTITUINTE (PROSTITUINTE 88)


No ano de 1988 eu era estagiário da Faculdade de Direito do Distrito Federal na Procuradoria de uma renomada Fundação Pública de âmbito nacional (FLBA; extinta pelo Collor de Mello) ligada diretamente a Presidência da República e, por força do ar que respirava o Brasil e meu local de estágio naqueles anos, acompanhei todas as movimentações e publicações oficiais e não-oficiais, que envolveram todo o processo de discussão e feitura da atual Constituição brasileira.

- Eu era feliz e não sabia!



Particularmente, depois que deixei de trabalhar com esculturas, que assumi a pintura, o linearismo excessivo do cubista Pablo Picasso tornou-me um hábito.

Assim, a influência foi tanta que cheguei a pintar o quadro que titulei Guernica Brasileira (em 1988, época da Constituinte no Brasil) totalmente inspirado no quadro Guernica, inclusive com utilização de vários detalhes pintados por Picasso, e há entre os dois trabalhos uma relação de identidade muito forte não apenas na aparência, mas no contexto e relato histórico principalmente.



Guernica é a pintura-painel mais representativa do bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães do nazismo, ou seja, retrata o sofrimento e luta do povo espanhol contra inimigos e ditaduras invasoras, externas.

Por nosso lado, Guernica Brasileira relata a luta, o sofrimento do povo brasileiro contra os próprios brasileiros, inimigos internos do Brasil, em especial os pertencentes a classe política face à ausência, na ocasião, de uma melhor abordagem ou total ausência no texto da Constituição de temas vitais como infância, direito a moradia, combate à corrupção que ainda assolam e padecemos os seus efeitos morais.


SOBRE GUERNICA DE PABLO PICASSO

Ao longo dos anos, a obra de Pablo Picasso adquiriu forte significado político. Os temas sociais se tornaram um símbolo contra violência ao ser humano. Na década de 1930, as turbulências políticas ocorridas na Espanha com o advento do fascismo já o atormentavam.


O auge dessa·crise foi a deflagração, em 1936, da Guerra Civil Espanhola, na qual lutavam duas facções: os fascistas, que contavam com o apoio internacional (de nazistas, comunistas, socialistas, ditaduras), e os republicanos, contrários à instalação de um governo ditatorial nos moldes do que havia na Alemanha, na Itália, na União Soviética e outros lugares.


Nesse sangrento episódio que durou três anos e terminou com a derrota dos republicanos, a população civil foi alvo de fuzilamentos e massacres e muitas cidades foram bombardeadas, inclusive Madri.



Picasso se horrorizou e, ao saber do bombardeio do Museu do Prado, se tornou seu diretor de honra, tentando proteger as obras que lá estavam.

Numa atitude altruísta, alguns artistas espanhóis – dentre eles Goya - se mobilizaram para criar obras que representassem a resistência republicana espanhola com a intenção de mostrá-Ias em um salão em Paris. Picasso começou a produzir alguns trabalhos com esse objetivo, quando aviões da Força Aérea Alemã bombardearam a cidade de Guernica, arrasando-a completamente em apenas três horas, num ataque sem precedentes que utilizou um arsenal de mais de 3 mil bombas.


A partir desse terrível evento, Picasso assumiu a total politização de sua obra, dando uma função política ao Cubismo, conhecido como “cubismo consciente”.

Assim, em decorrência da destruição da cidade espanhola, ele produziu o grande painel Guernica, até hoje considerado um símbolo contra a guerra.

Trata-se de uma obra com quase 8 m de comprimento por 3,5 m de altura.

Ao ser exposta pela primeira vez, a tela não provocou um grande impacto no salão de Paris. No entanto, foi adquirindo cada vez mais notoriedade, o que provocou a ira dos nazistas (comunistas, fascistas) que tentaram invadir o ateliê de Picasso, matá-lo, e destruir esse painel.

Com o objetivo de divulgar pelo mundo as atrocidades cometidas pelos fascistas, nazistas e comunistas durante a guerra civil, Picasso a expôs em vários países como um símbolo nômade da democracia. A tela Guernica só chegou à Espanha em 1981 e hoje está no Museu Reina Sofia, em Madri.




A TÉCNICA DE GUERNICA DE PICASSO

Guernica é uma pintura do tipo grisaille (Grisalha: Pintura monocromática em cinza), cuja técnica produz um efeito visual semelhante a um baixo-relevo de conotação decorativa utilizado em arquitetura, cuja estrutura é triangular, semelhante a um frontão grego, com figuras hieráticas (Formas clássicas e majestosas), de forte simbolismo, inseridas em um espaço com características arquitetônicas.



Os elementos são agrupados simbolicamente e alguns deles dialogam com obras antológicas, como a escultura Pietà, de Michelangelo. Nesse caso, nota-se que Picasso se inspirou na composição da figura da Madona segurando o corpo de Jesus.




COMPARAÇÕES ENTRE AS DUAS PINTURAS

Enquanto Picasso utilizou a imagem de uma lâmpada e seus raios luminosos pra simbolizar a explosão de bombas, em Guernica Brasileira a mesma imagem de lâmpada significava luz, despertar para a liberdade em meio aos obscuros acontecimentos. Sendo que a alegoria da figura lembra a Estatua da Liberdade construída em 1886.



Por outro lado, enquanto Picasso utilizou a imagem de um touro para simbolizar a brutalidade, a escuridão, a violência e atrocidades, e a imagem do cavalo representava o povo, em Guernica Brasileira a brutalidade é traduzida através da imagem do próprio cavalo alvejado no combate mortal por lança quebrada, que se encontra na mão do povo resistente, mesmo ferido, cujo corpo encontra-se esticado no chão tendo ao lado outro corpo humano, desfigurado, massacrado.

Em Guernica não há uma alusão expressa ao povo espanhol. Entretanto, em Guernica Brasileira existem traços da própria bandeira nacional que se fazem presentes, a começar pela imagem do losango central, existente na bandeira brasileira como um dos elementos gráficos em azul.


Além disso, em Guernica Brasileira também existe ou elemento referencial brasileiro que é visível através da imagem do Congresso Nacional ao centro, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer inconfundível mundialmente, inaugurado em 1960.


E como primeiro elemento crítico face a passividade e omissão de seus membros, ante acontecimentos e negociatas que eram travadas por aproveitadores nos bastidores do poder, que já anunciavam plano macabro de tomada de poder silenciosamente, sobre a imagem do Congresso Nacional reunido em assembléia nacional constituinte, repousa um elefante branco como símbolo de inutilidade, na concepção do povo.


E sob inflamados discursos falaciosos de restabelecimento da ordem democrática chamaram a atenção internacional, enquanto deixavam assuntos importantes para o futuro da nação, como infância, velhice, ecologia, arte, educação, meio ambiente, direitos, relegados ao segundo plano, afugentando o próprio povo do cenário dos acontecimentos.



Por último ressalta-se que enquanto Guernica (26.04.1937) de Picasso é uma pintura monocromática que mede 800 centímetros de largura por 350 centímetros de altura, Guernica Brasileira (05.10.1988) é quadro pintado à óleo sobre tela medindo 100 cm de largura por 70 centímetros de altura, executado mais de 51 anos depois.







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