VÍdeos de trabalhos recentes podem ser vistos no canal de Ton MarMel no Youtube no endereço
|
"POETADO porque participo o passado do meu verbo poetar." (Ton MarMel)
COTIDISTEMA
(Ton MarMel)
E eu vou fazer de te o meu futuro escravo
Devedor sem fim.
Deverás a mim tuas vestes,
Tua própria pele
Pela tua vinda a vida.
Andarás por onde determino
Pensarás com cuidado
Umas mil vezes
E dez mil vezes terás
Tua boca e gestos podados.
Pois assim quero,
Assim determino...
A tua pobre alma a mim oferecida
Será cuspida e surrada
Enquanto tua carne sangrando
Será esquartejada.
Louvarás e enfrentarás por mim
A fome, a sede, a dor e a guerra
O calor, o frio, o inferno.
Pois assim irás querer
E assim desejarás.
O teu árduo trabalho
Será meu passatempo enriquecedor
E a tua terrível dor
Minha mais doce diversão.
Viverás como na sarjeta
Não comerás o puro pão
E guardarás para ti
A cólera do teu coração
Chorarás, esperniarás
Juntar-te-á a iguais em milhões e aos milhares
E por fim, após tudo
Exausto e velho portanto
Verás no fim da triste vida
O botão-flor-fruto
Do teu sangue abortado
Liberdade!
....................................................................................................................................................................
SUPER-HEROI
(Ton MarMel)
Amorzinho meu
Ceu que cintila na luz da imensidão
Por favor não esqueças jamais
Pois sei que falo bastante todo dia
Que a vida é cheia de maldade
E que a rotina da realidade é fatal
Mas que apesar dos pesares e penares
Meu amor por ti
É super-heroi imortal...
...................................................................................................................................................................
Canção do Ratinho
(Ton MarMel)
Te pegam na rua
Te dão uma grana
Te pedem pra me enganar
Te pedem pra te me enrolar
Te pedem pra me roubar
O rato da rua
Entrou pra política
Chegou ao Congresso
Ganhou uma grana
Virou um corrupto
Juntou-se ao gato
Que que o comeu...
...................................................................................................................................................................
Política de Mercado
(Ton MarMel)
Vende-se
felicidade de curta idade
em prefeito estado
e quase sem nenhum estrago
Vende-se
a verdade da tristeza
em tons creminhos
com pouco uso
e cheia de inúteis qualidades
Vende-se
a moral
a ética
o próprio filho
a própria mãe
Vende-se
as próprias qualidades
de tonalidades duvidosas
de bom uso pelos políticos
Vende-se políticos
De todos os sinônimos
Poucos adjetivos
Quase sem ideais
Por preço excepcional
De liquidação
É negócio de ocasião
É perder ou largar
Vende-se ideais
Vende-se o próprio dinheiro
A força de trabalho
O próprio corpo
A própria alma
Todo o ser e sua existência
Vende-se procuração de Deus
Bens materiais e imateriais
Vende-se a amazônia
Um goleiro solitário
Vende-se o tempo
Os outros
A vida
Já quase sem vida
Com pouca vontade de viver
Vende-se a vontade de não viver
De não lutar
De não vencer
Vende-se o comodismo
A solidão
A decepção
O desamor
A falta de cidadania
A falta de respeito
A inversão de valores
Vende-se isso, aquilo
Mil coisas e coisas mil
E as tabuletas de preços seguem pelas cidades
No seu vai-vem de preços inflacionados
Sem nenhum comprador aparente
E todo mercado vendido.