A arte no século
21 é tão diversificada quanto o mundo pós-Guerra Fria. Seguindo o ritmo das nações, que mudam de cor com a rapidez de camaleões, também a arte encontra-se num estado de fluxo. Ainda assim, há certas atitudes recorrentes, que mantêm uma freqüência significativa. Por exemplo: a arte dos anos noventa nada é se não for política. Instalações carregadas de textos exortam o espectador a refletir sobre temas como a epidemia de AIDS, os problemas ambientais, os sem-teto, racismo, sexo, violência, a falta de liberdade provocada pelos governos autoritários
(ditaduras), o tráfico de drogas, a corrupção, o locupletamento, a exploração
sexual de crianças, o trabalho infantil, o abandono dos velhos, o ultraje aos direitos
fundamentais, a cena do jogo simulado de tentar colocar “classes” sociais
contra “classes” sociais proletárias (do “nós” contra todos), da divisão do
gênero humano entre si para que, enfraquecidos, fossem mais fáceis de serem
dominados (contrariando princípios da Lei Constitucional do próprio Brasil que
proíbe diferenças de tratamento por gênero, sexo, cor, idade, etc.), da
hipocrisia e do cinismo político, da luta contra o aparelhamento dos órgãos do
governo por grupos políticos de socialistas e comunistas numa tentativa
desesperada de sair do anonimato e não assistir à missa em memória comemorativa
aos mais de 100 anos de seu próprio enterro, do início do fim da implantação
política da “revolução comunista permanente” que durou mais de 30 anos no
Brasil e representou tudo que havia de mais retrógrado e grotesco na história
da humanidade.
A Velha Arte Pós-Moderna da Tiazinha. (Foto: MarMel e Anna. (#marmel #arte #artepósmoderna #artemoderna) |
Os materiais e os formatos são tão variados quanto os temas e admitem formas alternativas, como a arte performática, gêneros híbridos, como a arte derivada da fotografia, e continua se multiplicando. Os pós-modernistas podem afirmar que a rejeição modernista da realidade está obsoleta, mas o processo de reinvenção da arte continua inabalável.
Um conceito-chave do
Modernismo esvaziado pela arte dos anos oitenta é a idéia de arte objeto, do
original feito à mãos. Esperava-se que essa obra magna fosse a afirmação definitiva, o produto final do progresso gradual do artista. Esqueçam o progresso, diziam os pós-modernistas, para quem "novo" não equivalia necessariamente a "melhor". O futuro da arte jaz mais no passado do que na imaginação individual.
Os artistas passaram a se apropriar de imagens de fontes diversas, como fizeram os artistas pop, mas recorrendo tanto à história da arte e à mitologia quanto à comunicação de massa. Combinavam imagens preexistentes com as suas próprias ou apresentavam imagens apropriadas como se fossem suas. Trilhando caminhos familiares, os artistas da apropriação buscavam anexar a força dos originais e ao mesmo tempo revelar sua força de manipulação como propaganda.
A arte deste início de século 21 viu o renascimento da pintura como uma maneira acessível de contar histórias. Nesta
arte as palavras são talvez tão importantes quanto as imagens, quando textos-denúncias se impõem aos freqüentadores de museus e galerias. Muito da arte puramente visual dos
tempos atuais tem um falso (e até hipócrito) apelo feminista e
sexista, do tipo, “A Ovelha Negra”, em que a autora dizendo-se indignada com o
poder masculino e branco, trajando apenas uma calcinha e lambuzada de chocolate
usou seu próprio corpo numa tentativa de denunciar a degradação da mulher
enquanto “objeto”, quando na realidade essa mesma cena já foi protagonizada em
um motel.
A arte nos anos atuais, assim como a vida doravante neste século 21, ainda reflete o
gosto amargo, a visão turva do instável e
decadente crepúsculo do século XX: Oferece mais perguntas que respostas, mais desafios que certezas.
Neste início de século, um quadro pode
ser ao mesmo tempo uma escultura e um veículo: A gente pode desmontá-Io na garagem,
remodelá-lo, transformá-lo, reprogramá-lo ou entrar nele e ir para algum lugar. Até o momento, a arte dos anos 2020 abrange muito
além do figurativo ao abstrato, do "engraçado" ao "sério",
do feito à mão ao fabricado por meios mecânicos. Mas,
acima de tudo, a arte definitivamente não é mais mera tendência única de gosto duvidoso,
autor e objeto imposto, de discurso acadêmico-universitário sobre sua
composição descartável e momentânea, desprovida de sentidos múltiplos e fontes
inesgotáveis.
Neste início de século, um quadro pode ser ao mesmo tempo uma escultura e um veículo: A gente pode desmontá-Io na garagem, remodelá-lo, transformá-lo, reprogramá-lo ou entrar nele e ir para algum lugar. Até o momento, a arte dos anos 2020 abrange muito além do figurativo ao abstrato, do "engraçado" ao "sério", do feito à mão ao fabricado por meios mecânicos. Mas, acima de tudo, a arte definitivamente não é mais mera tendência única de gosto duvidoso, autor e objeto imposto, de discurso acadêmico-universitário sobre sua composição descartável e momentânea, desprovida de sentidos múltiplos e fontes inesgotáveis.
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