Será
que você já parou para pensar o quanto está realmente comprometida consigo mesma,
isto é, com seus desejos, sonhos, objetivos? Parece meio paranoico escrever
isso, mas será que você não se tornou o seu maior obstáculo?
É claro que outras
pessoas e situações cotidianas fora de controle contribuem para concretizar
esses obstáculos, mas você compactuou com eles a partir do momento que passou a
acreditar mais nos outros do que em você mesma.
E, talvez, sendo
assim, será que não está na hora de retomar o controle?
AFINAL...
Na profundeza do
seu ser está o seu desejo.
No seu desejo está
a sua vontade.
Na sua vontade
estão os seus atos.
Nos seus atos está
o seu destino.
Cuidado com seus
pensamentos: eles se transformam e palavras.
Cuidado com suas
palavras: elas se transformam em ação.
Cuidado com suas
ações: elas se transformam em hábitos.
Cuidado com seus
hábitos: eles moldam e revelam seu caráter.
Cuidado com seu
caráter: ele controla o seu destino.
ENTÃO...
Certa vez um cão
estava quase morto de sede, parado junto à água. Toda vez que ele olhava seu
reflexo na água, ficava assustado e recuava, porque pensava ser outro cão.
Finalmente, era tamanha sua sede, que abandonou o medo e se atirou para dentro
da água. Com isto, o reflexo desapareceu. O cão descobriu que o obstáculo - que
era ele próprio -, a barreira entre ele e o que buscava, havia desaparecido.
Nós estamos
parados no meio do nosso próprio caminho. E, a menos que compreendamos isso,
nada será possível em direção ao nosso amor, nossos sonhos, nosso crescimento,
nossa realização emocional, intelectual e profissional. Se a barreira fosse
alguma pessoa, poderíamos nos desviar. Mas nós somos a barreira. Nós não
podemos nos desviar - quem vai desviar-se de quem? Nossa barreira somos nós e
nos seguirá como uma sombra.
Esse é o ponto
onde nós estamos - junto da água, quase mortos de sede. Mas alguma coisa nos
impede, porque nós não estamos saltando para dentro, não nos atiramos de cabeça,
não mergulhamos fundo, não nos esforçamos minimamente e compromissadamente para
viver nossos sonhos, realizar nossos desejos de amor, de profissão; e mesmo
quando estamos decididos a levar adiante, seriamente e perseveradamente essa
vontade muitas vezes NÓS MESMOS BOICOTAMOS A NOSSA PRÓPRIA VONTADE a menor
distração que surge, e terminamos por perder tempo, perder o foco, a
oportunidade, a fé na própria mudança e no sucesso do resultado final de nossos
esforços, e tudo vai por água abaixo.
Então, alguma
coisa nos segura. O que é? É uma espécie de medo. Porque a margem do rio que
estamos já é conhecida, é familiar, e pular no rio é ir em direção ao amor, às
emoções, é investir em novas possibilidades de trabalho, de crescimento, de
realizações. Assim, é preferível se manter comodamente na conhecida zona de
conforto, mesmo que se permaneça sozinho, solitário, vazio, sem amor, sem crescimento, estagnado,
apodrecendo, vivendo o volátil, o efêmero e morno cotidiano, pois o medo sempre
diz: "Agarre-se àquilo que é familiar, ao que é conhecido".
Raul Seixas, em
sua música Ouro de Tolo, cantava: “... Eu que não me sento/ No trono de um
apartamento/ Com a boca escancarada cheia de dentes/ Esperando a morte chegar...”.
Enquanto Carlos Drumond de Andrade versificava No Meio do Caminho: “No meio do
caminho tinha uma pedra/ Tinha uma pedra no meio do caminho/ Tinha uma pedra/ No
meio do caminho tinha uma pedra.”
E as nossas
misérias, nossas tristezas, nossas depressões, nossas angústias, nossos
complexos nos são familiares, são habituais. Nós vivemos com eles por tanto
tempo e nos agarramos a eles como se fossem um tesouro. E o que nós temos
conseguido com isso? Será que não podemos renunciar às nossas misérias? Já não
vivemos o bastante com elas? Será que já não nos mutilaram demais? O que nós
estamos esperando?
Este é o caso de
todos nós. Ninguém nos está impedindo. Apenas o próprio reflexo entre nós e
nosso destino, entre nós como uma semente e nós como uma flor. Não há ninguém
nos impedindo, criando qualquer obstáculo. Portanto, não continuemos a jogar a
responsabilidade nos outros. Essa é uma forma de nos consolar. Deixemos de nos
consolar, deixemos de ter autopiedade. Fiquemos atentos. Abramos os olhos.
“VIGIAI E ORAI,
PARA NÃO CAIRDES EM TENTAÇÃO. O ESPÍRITO, COM CERTEZA, ESTÁ PREPARADO, MAS A
CARNE É FRACA.” (Mateus, 26:41).
Então, assim
sendo, vejamos o que está acontecendo com nossa vida. Escolhamos o certo sem
mais demoras e decidamos dar o salto.
...........................................
EM TEMPO: Raul
Seixas. Ouro de Tolo:
Eu devia estar
contente
Porque eu tenho um
emprego
Sou um dito
cidadão respeitável
E ganho quatro mil
cruzeiros por mês
Eu devia agradecer
ao Senhor
Por ter tido
sucesso na vida como artista
Eu devia estar
feliz
Porque consegui
comprar um Corcel 73
Eu devia estar
alegre e satisfeito
Por morar em
Ipanema
Depois de ter
passado fome por dois anos
Aqui na Cidade
Maravilhosa
Ah! Eu devia estar
sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente
vencido na vida
Mas eu acho isso
uma grande piada
E um tanto quanto
perigosa
Eu devia estar
contente
Por ter conseguido
tudo o que eu quis
Mas confesso
abestalhado
Que eu estou
decepcionado
Porque foi tão
fácil conseguir
E agora eu me
pergunto: E daí?
Eu tenho uma
porção de coisas grandes
Pra conquistar, e
eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar
feliz pelo Senhor
Ter me concedido o
domingo
Pra ir com a
família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos
macacos
Ah! Mas que
sujeito chato sou eu
Que não acha nada
engraçado
Macaco praia,
carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso
um saco
É você olhar no
espelho
Se sentir um
grandessíssimo idiota
Saber que é
humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por
cento de sua
Cabeça animal
E você ainda
acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está
contribuindo com sua parte
Para nosso belo
quadro social
Eu que não me
sento
No trono de um
apartamento
Com a boca
escancarada cheia de dentes
Esperando a morte
chegar
Porque longe das
cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do
meu olho que vê
Assenta a sombra
sonora de um disco voador
Eu que não me
sento
No trono de um
apartamento
Com a boca
escancarada cheia de dentes
Esperando a morte
chegar
Porque longe das
cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do
meu olho que vê
Assenta a sombra
sonora de um disco voador
E POR SUA VEZ, Carlos
Drumond de Andrade em seu poema NO MEIO DO CAMINHO:
No meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no
meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho
tinha uma pedra.
Nunca me
esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas
retinas tão fatigadas.
Nunca me
esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no
meio do caminho
No meio do caminho
tinha uma pedra.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário