Estudo mostra que opinião sobre arte influencia na apreciação.
O
valor financeiro atribuído a ela influencia na forma como as pessoas a apreciam.
Oscar Wilde define a arte como a forma mais intensa
de individualismo que o mundo conhece. A singularidade é emitida pelo artista,
destaca o dramaturgo irlandês. Mas a opinião dos apreciadores pode ser
influenciada por terceiros, segundo estudo conduzido por cientistas austríacos.
Os pesquisadores analisaram a opinião de um grupo de voluntários sobre obras de
arte e descobriram que eles eram afetados pelo ponto de vista de especialistas
e pelo valor monetário dos trabalhos ao fazerem as próprias avaliações. Para os
investigadores, a constatação confirma teorias sobre influência social
levantadas por sociólogos e filósofos.
Os autores basearam-se em pesquisas na área
artística e sociológica em que especialistas tratam a opinião artística como
uma questão passível de influências externas. “Vários pensadores argumentam que
as pessoas geralmente procuram a arte para se unir ou se excluir de grupos
sociais. Isso sugere que, em se tratando de arte, o nosso gosto não é
completamente pessoal ou objetivo, pode mudar dependendo do contexto social. No
entanto, isso ainda não tinha sido testado empiricamente”, explica ao Correio
Matthew Pelowski, um dos autores do estudo e pesquisador da Faculdade de Psicologia
da Universidade de Viena, na Áustria.
No experimento, um grupo de voluntários tinha que
avaliar uma série de pinturas de acordo com o seu prazer pessoal. Antes da
apresentação, porém, eles foram informados que alguns grupos sociais haviam
avaliado as obras anteriormente: colegas universitários, peritos (curadores) e
jovens que largaram a faculdade e estavam sem trabalhar. “Os resultados mostram
que, quando os participantes pensavam que os especialistas ou os colegas de
faculdade gostavam de uma pintura, eles também gostavam”, conta Pelowski. “No
entanto, quando eles pensavam que os desempregados não gostavam de uma pintura,
os participantes foram na direção oposta e disseram que gostavam mais”,
completa o autor.
Em uma segunda etapa, os pesquisadores mostraram
aos voluntários o preço fictício de venda de uma pintura em um leilão de arte,
o que também mudou significativamente a forma como eles definiram seu
posicionamento diante da peça. Preços muito baixos deixaram os participantes
menos interessados e admirados pela obra, preços muito altos provocaram o
efeito contrário. Segundo a equipe de investigadores, as constatações mostram
como a arte pode ser usada para demonstrar tipos de afinidade em grupos
sociais. “Esses resultados fornecem apoio empírico para uma teoria de distinção
social introduzida pelo sociólogo e filósofo francês Pierre Bourdieu. A forma
como usamos a nossa avaliação e o nosso engajamento com a arte pode demonstrar
lealdade aos grupos sociais desejáveis”, destaca Pelowski.
(Correio
Braziliense. Caderno Ciência e Saúde. Vilhena Soares)
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