Arte é uma coisa
completamente diferente de artesanato que boa parte das pessoas não sabe por
falta de educação artística, falta de frequência aos espaços de arte.
Diferença entre Arte e Artesanato. (Ton MarMel #marmel #arte #artesanato) |
Nunca Te Vi, Sempre Te Amei é título de livro, romance e filme de ficção!. Na vida real, para
desenvolver o gosto, a aptidão, o interesse é preciso – antes de mais nada – se
aproximar daquilo ou de quem se gosta. É preciso adquirir o hábito de visitar
espaços de arte, ler sobre arte, interessar-se, aprofundar-se, do mesmo modo
que se freqüenta uma faculdade, uma universidade para se adquirir conhecimento
e formação profissional.
Os meios de comunicação
fornecem cultura pensada, ruminada, produzida, canalizada por essa ou aquela
tendência política, por esse ou aquele grupo de orientação sexual. É necessário
deixar a passividade do sofá de frente para a televisão e movimentar-se em
direção aquilo que interessa além de um capítulo de uma novela, um show, um
filme, um barzinho. É necessário ter opinião própria além da opinião mastigada
num jornal televisivo tendencioso de mídia sensacionalista que quer a todo
custo tornar o expectador um filiado militante cego, enviseirado, incapaz de
formular opinião além da superficialidade que bóia nas superfícies.
Falar para artista
expor junto com artesão é demonstrar falta de conhecimento e é desprestigiar e
menosprezar o trabalho do artista.
Para ser artesão basta
alguma habilidade manual e qualquer pessoa (dona de casa) pode desenvolver com
alguma prática e tempo.
Para ser artista é
preciso muito mais que habilidade manual: é preciso estudo, criatividade,
objetividade em cada trabalho.
O objeto de arte tem um
lugar e ambiente específico para ser exposto que é diferente do objeto do
artesanato (são produtos completamente distintos que boa parte das pessoas
confunde); é a mesma situação que comparar o trabalho de um médico, um
dentista, um biólogo, um açougueiro, vendedor de colchão ao trabalho de um
atendente de clínica, hospital, porque todos esses profissionais se vestem de
jaleco, de modo parecido (todos esses possuem a mesma aparência profissional),
ou de um advogado e de um rábula (ambos se vestem e até agem de modo parecido,
mas o resultado do trabalho de ambos é completamente distinto).
Se as pessoas prestarem
atenção verão que um trabalho de artesanato não possui uma identidade visual,
um objetivo, um estudo, um sentido maior que não seja uma imagem reproduzida,
ou objeto de utilidade desprovido de pessoalidade cuja função é ocupar um lugar
e tornar visualmente um espaço mais agradável ou um objeto útil.
Não se trata de
frescura nem de desprestigiar ou beneficiar esse ou aquele profissional. Mas se
trata de dar o nome exato para o que as pessoas fazem.
EXEMPLIFICANDO
A DIFERENÇA ENTRE ARTE E ARTESANATO
Para melhor visualizar
a diferença entre arte e artesanato tem-se que em meados do século 20, ano de
1950, surgiu na Inglaterra um grupo de jovens artistas britânicos que encontrou
campo fértil nos Estados Unidos, com Andy Warhol e Roy Lichtenstein, que
começaram a incorporar em suas obras elementos da propaganda comercial, numa
espécie de crítica a sociedade de consumo, ao individualismo, a produção em
massa de produtos.
Lembra do movimento
hippie e das feirinhas de produtos alternativos dos anos 1960 e 1970? Lembra do
movimento da Contracultura? Da era Paz e Amor?! Pois é...
Nessa década
(1950-1960), foram produzidas uma série de obras baseadas nas imagens dos
artigos de consumo mais populares, daí o nome resumido de Pop Arte (arte
popular), utilizada para nomear essa corrente artística que se apropriou de
imagens da cultura de massa, tais como a foto da atriz Marilyn Monroe, do
rótulo de enlatados da sopa Campbells e muitos outros.
Então, na ocasião, face
a novidade, ao objetivo crítico e político que se propunha o movimento do Pop
Art, suas manifestações eram obras de arte.
No entanto,
posteriormente, o movimento caiu no gosto da população mesmo sem entendê-lo, e
tais imagens foram absorvidas rapidamente e passaram a ser reproduzidas pela
população em larga escala, em incontáveis superfícies (xícaras, capas de
almofadas, etc.) como uma espécie de modismo que associava pessoas (mesmo
alienadas!) à causa de combate à sociedade de consumo, que faziam questão de
exibir imagens do Pop Art como símbolos de pessoas engajadas, cultas.
Mas essas reproduções
populares não mais traziam nenhuma novidade, exceto a vaga lembrança de que
seus portadores talvez possuíssem alguma ligação com linha de raciocínio dos
membros do movimento de arte crítico que havia sido o Pop Art.
Assim, essas
reproduções populares, associadas aos movimentos hippies do pós segunda guerra mundial (1945), ganharam o status de artesanato.
Mas, a palavra
artesanato tem origem em “arte nativa”, “arte nata”, ou seja, um trabalho
manual desenvolvido por habitantes de um local, com o uso de matérias primas
encontradas na localidade, ou seja, a palavra artesanato tem tudo a haver com o
movimento da contracultura que foi o movimento hippie, que se aproveitou do movimento da arte Art Pop, mas que em nada se parecia com a arte pop.
Aliás, apesar de
utilizar objetos e imagens populares, endeusados pela grande massa da
população, para criticar a sociedade de consumo, o individualismo, a produção
em massa de produtos, o Pop Art jamais foi movimento de arte que saiu do
ambiente artístico de galerias e museus e ganhou ruas e muito menos foi exposto
em feiras de artesanato até porque a população não iria entendê-lo enquanto
movimento de arte, do mesmo jeito que tal movimento e seus conceitos geraram
grandes discussões em meios acadêmicos e longas análises sociológicas.