Quem nunca ouviu de uma pessoa
próxima frases do tipo "tomara que você consiga, mas será muito
difícil"? Mesmo que não seja por maldade, os destruidores de sonhos estão
por toda a parte.
[EM CASO DE GENTE CHATA, FOFOCAS, FUXICO, MENTIRAS; E QUANDO SE PRECISAR ESTAR EM UM LUGAR DE PESSOAS CHATAS POR NECESSIDADE SOCIAL QUE NÃO SE PUDER EVITAR, USE ESSE BOTÃO QUE TE FARÁ BEM. (Ton MarMel)]
Pergunte a uma criança o que ela quer ser quando crescer.
Provavelmente, você receberá como resposta uma profissão aparentemente
inalcançável para nós, meros mortais, como astronauta, pintor ou astro do rock.
Mesmo quem já cresceu tem sonhos trabalhosos, por assim dizer, que podem ser
desde perder peso a comprar o apartamento dos sonhos. O problema começa quando
os "matadores de sonhos" cruzam o caminho dos outros. Eles estão por
todos os lados e podem até gostar de você, mas tentarão lhe fazer mudar de
ideia. Comentários como "tomara que você consiga, mas saiba que será muito
difícil" ou "espero que você não desista de novo" são motes
pseudoencorajadores usados por eles. Como driblá-los?
Dizem
que somos do tamanho dos nossos sonhos. Pois os sabotadores também. Denise
Vilas Boas, psicóloga analítica comportamental e vice-presidente da Associação
Brasileira de Psicologia e Medicina (ABPMC), explica que o ato de desencorajar
o outro é comum. "Acontece muito quando as pessoas acham que aquele sonho
é fora do comum." Segundo ela, uma explicação para o impedimento à meta
alheia seria a vontade de permanecer confortável. "Se eu boicoto a sua
tarefa, não preciso criar um objetivo para mim, nem ver que o outro conseguiu e
eu não."
Mas nem sempre isso ocorre por maldade. Algumas
vezes, os comentários contrários são preocupações mal verbalizadas. Pais e
mães, segundo Vilas Boas, são bons exemplos de pessoas que desencorajam
tentando proteger os filhos do sofrimento. "Pode acontecer quando eles (os
pais) não conseguem enxergar essa perspectiva ou acreditam que a pessoa não tem
repertório para chegar aonde quer." Por isso, a psicóloga salienta que uma
das coisas mais importantes a se pensar quando se tem um sonho é o que é
preciso fazer para chegar lá — e se o indivíduo está disposto a passar por
todas as fases necessárias. "Se alguém quer ser astronauta, mas não gosta
de física, não vai conseguir. A pessoa que tem o sonho precisa conhecer seus
limites e avaliar se tem condições de realizá-lo."
Objetivos de longo prazo exigem, além de
planejamento, força de vontade. Angélica Capelari, psicóloga e professora da
Universidade Metodista de São Paulo, explica que, se já é difícil se manter
fazendo o que deve ser feito, comentários pseudomotivacionais complicam a meta
ainda mais. Quem tem o sonho precisa de incentivo genuíno para não desistir.
"Nem sempre se trata de uma sacanagem precipitada, mas atrapalha, pois,
geralmente, as pessoas têm que trabalhar arduamente para conseguirem o que
querem."
Gabriel Coelho Pinto Correia, 28 anos, tem
certeza absoluta de que chegará aonde quer: ao estrelato. Formado em
administração de empresas, ele conta que sempre sonhou em ser músico. Aos 6
anos, começou como muitos, cantando no coral da igreja que frequentava, mas
garante que conseguirá realizar o sonho de chegar aonde poucos conseguem. Para
isso, dedica todo o seu tempo à música. Além de ser vocalista da banda Daros,
aprendeu a tocar violão para se apresentar sozinho. "Nunca tive um plano
B, acho que sou o único da banda que não tem e nunca terei. Para mim, música é
o plano A e sempre será."
Quando compartilha seu sonho, as reações se
dividem entre quem já consegue vê-lo ganhando o Grammy e os que se preocupam
com o passar do tempo. A banda começou em 2006, mas o contrato com a gravadora
— e, consequentemente, a gravação do videoclipe e do CD — só veio em 2010.
"Algumas pessoas apoiam, mas vejo que não acreditam. Tem gente que fala
mal, que eu estou ‘viajando’, que já estou com 28 anos e a banda ainda não deu
certo e que eu não acordei, que não tenho um plano B. Mas mesmo meus outros planos
são voltados para a música. Mesmo que os outros desistam, eu não vou desistir
nunca."
Quando os pais são os "destruidores"
Gilberto Godoy, psicólogo e professor do UniCeub, explica que
há algumas coisas importantes para entender a existência dos matadores de
sonhos. Primeiro, segundo ele, é que dentro das características humanas diante
da incapacidade de realizações, as pessoas tendem a deixar exalar o que se
chama culturalmente de inveja. "Ela nada mais é que o subproduto de nossas
incapacidades. Ninguém inveja o que já tem. Isso está muito relacionado ao
sentimento de insegurança." Outro fator de destaque seria o comportamento
verbal de cada um, que, nem sempre, exprime exatamente o que se passa na cabeça
de quem fala. "No comportamento verbal, há o que a pessoa diz, o que ela
quis dizer, o que ela faz ao dizer e o que consegue com o que diz",
enumera.
No caso dos pais, por vezes, os principais
suspeitos (e acusados) de não apoiar os sonhos dos filhos, Godoy diz que o
comportamento indica apenas um incômodo, uma preocupação natural. O que importa
mesmo é saber esmiuçar o comportamento verbal dos outros e ter firmeza do que
se quer. "Quanto mais consistente o objetivo, mais sólido será o caminho
até ele." Feito tudo isso, é hora de se vacinar contra o que os outros
pensam. "É uma escravidão social. Desde cedo, somos ensinados a nos
preocupar com o que estão achando de nós."
O melhor tratamento contra a língua afiada dos
outros? Boas doses de autoconhecimento e de seus efeitos colaterais, como a
autoconfiança. "Vivemos correndo atrás de sonhos que são produzidos por
demandas culturais, e não por nós mesmos", ensina Gilberto Godoy. Não há
problema, portanto, em sonhar com uma Ferrari estacionada na frente de uma
mansão — desde que a meta seja honesta, e não baseada na tentativa de ser
aceito. O caminho para o autoconhecimento e para a definição de objetivos
pessoais é vasto, segundo o especialista, e passa por leituras, terapia e
convívio social. "Pode ser até em uma conversa com amigos mais experientes
e familiares. O que importa é ter contato com pessoas francas, honestas, que
darão conselhos confiáveis."
Sempre que conta que sonha em ser autor de
novelas, Ítalo Damasceno Souza, 29 anos, escuta comentários positivos. Custear
o sonho, contudo, não é fácil. Para "ganhar a vida", ele trabalha
como advogado e estuda para concurso público. Mas está longe de reclamar.
"Como venho de Teresina (PI), achei que era uma coisa muito distante. Aqui
em Brasília é que escrever se tornou uma opção real, junto com estudar para
concurso. Agora, não é mais ‘vou estudar para concurso para, quando eu passar,
começar a escrever’", explica. Ele conta que, em sua terra natal, ser
escritor não despertava muita credibilidade. O escritor seria visto como
"uma pessoa louca, que passa fome e vive às custas de subvenção do
governo".
A vontade de escrever, contudo, continuou
existindo, mesmo com ressalvas vindas até de seus pais. "Eles encaram como
um hobby", resume. Na universidade, Ítalo conheceu pessoas que também
queriam escrever profissionalmente. Em seguida, a internet possibilitou a
divulgação de seus textos. Um concurso de contos, este ano, fez com que suas
palavras chegassem ao papel. "Depois desse concurso, vi que daria certo,
que existem alternativas que me dariam a chance de ganhar dinheiro com
isso", comemora. "Isso passou a se tornar uma possibilidade real,
tanto quanto concurso."
Por enquanto, Ítalo considera o direito como um
plano B. Não que não veja ligação entre as duas profissões, mas, de acordo com
ele, o conhecimento das leis é uma ponte para seu sonho de escrever para a
telinha. Embora o plano original seja passar em um concurso para só depois se
dedicar aos escritos, no momento, Ítalo vive suas três funções — trabalhar,
estudar e escrever — ao mesmo tempo. "Não é fácil, nem sempre dá certo. Em
determinado momento, um fica mais intenso, outro menos." Enquanto a
aprovação não chega, o sonho vai criando asas. "Talvez, quem sabe, se eu
tiver coragem, largo o concurso e fico só escrevendo."
Como realizar seus sonhos
Objetivos
se atingem com muitos recursos.
Em primeiro lugar, é preciso saber o que quer e
quais são seus valores. Ou seja, não perca o foco do objetivo principal e
invista sempre em novas estratégias.
Tenha seu objetivo traçado e definido com
precisão.
Após isso, é fundamental fazer uma estruturação
de referências para se chegar lá, amparado por convicções de capacidade própria
muito fortes. Ou seja, força emocional, entusiasmo e crença na conquista,
demore o tempo que custar.
Muitos desabam no meio do caminho, desistem e
colocam a culpa no objetivo. Porém, lembre-se: se outros conseguiram, é
possível.
É preciso mudar a estratégia quando algo não
estiver dando certo — e esqueça que a palavra "desistência" existe.
Acredite em suas capacidades e não se deixe
vencer pelo caminho, não importa o quão longo ele seja.
Projetos de curto prazo são como querer que
sementes plantadas em um dia deem frutos maduros no outro. Sonhos são grandes
projetos de longo prazo, demandam persistência, crença, entusiasmo, ações massivas
e paciência até que se realizem.
Fonte: Rodrigo Batalha, especialista em desempenho
comportamental, palestrante, consultor e autor do livro Desempenho Máximo,
estratégias para conquistar os seus objetivos.
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